Controle Interno: O Guardião Silencioso da Confiabilidade Empresarial

Introdução

 

A governança corporativa, os controles internos e a compliance são pilares essenciais para a saúde e a sustentabilidade das organizações. Esses conceitos não apenas garantem que as empresas operem dentro de normas e regulamentos legais, mas também promovem uma cultura de transparência, ética e responsabilidade. Neste texto, serão abordados cada um desses elementos, suas inter-relações e a importância de uma implementação eficaz.

 

Governança Corporativa

 

Governança corporativa refere-se ao conjunto de sistemas, práticas e processos pelos quais as empresas são dirigidas e controladas. Embora seja um tema com raízes muito antigas, a expressão governança corporativa é relativamente recente, datando do início dos anos 1980. Ao longo das três últimas décadas, a governança vem ganhando destaque exponencial nos âmbitos acadêmico e empresarial. Diversos fenômenos globais contribuíram para o aumento da discussão sobre o tema, por exemplo:

1)                      Crescimento e maior ativismo dos investidores institucionais;

2)                      Onda de aquisições hostis nos Estados Unidos nos anos 1980;

3)                      Escândalos corporativos nos Estados Unidos e Europa;

4)                      Onda de privatizações nos países europeus e em desenvolvimento;

5)                      Integração global dos mercados de capitais;

6)                      Crise financeira global de 2008

 

Conceitualmente, uma das teorias mais aceita para discutir a temática da governança é a do agente-principal. É ela que explica como ocorrem os problemas de desalinhamento de interesses nas empresas e quais mecanismos podem ser empregados para mitigar seus custos. Jensen e Meckling (1976) realizaram um estudo seminal abordando as relações entre a teoria do agente-principal, estrutura societária e decisões na alta gestão das companhias.

A essência da teoria do agente-principal está na compreensão e separação de papéis entre agente (tomadores de decisão) e principal (pessoas que confiam as decisões para terceiros). De acordo com Jensen e Meckling, a relação entre o principal e o agente pode ser definida como “um contrato no qual uma ou mais pessoas (o principal) empregam outra pessoa (o agente) para desempenhar alguma tarefa a seu favor, envolvendo delegação de autoridade para a tomada de decisão pelo agente”. A teoria prevê, entretanto, que nem sempre o agente agirá no melhor interesse do principal. Como resultado, haverá um problema crítico entre ambos, denominado problema de agência. No contexto corporativo, o executivo é o agente que recebe uma procuração com poderes para tomar decisões em favor do conjunto de acionistas, seus principais. Como os executivos estão sujeitos às limitações inerentes à natureza humana, os acionistas procuram limitar as divergências por meio do monitoramento das atividades dos executivos e do estabelecimento de incentivos apropriados para eles. Os acionistas incorrem então em custos para alinhar os interesses dos executivos aos seus, os quais são chamados de custos decorrentes da presença do agente ou simplesmente “custos de agência”. Segundo Jensen e Meckling (1976), os custos de agência são a soma de:

Custos de criação e estruturação de contratos entre o principal e o agente;

Gastos de monitoramento das atividades do agente pelo principal;

Gastos promovidos pelo próprio agente para mostrar ao principal que seus atos não serão prejudiciais a ele; e,

Perdas residuais, decorrentes de decisões tomadas pelos executivos que não visam a maximizar a riqueza dos acionistas.

 

Contudo, a discussão sobre governança corporativa atualmente é mais abrangente que a relação dos gestores com os acionistas e leva em consideração a discussão sobre a função-objetivo de uma empresa. Nesse aspecto, duas visões principais se destacam: a teoria da maximização da riqueza dos acionistas, que defende que as decisões sejam tomadas visando maximizar o valor das empresas; e a teoria de equilíbrio dos interesses dos stakeholders que defende que as decisões sejam tomadas visando equilibrar e satisfazer igualmente os interesses de todos os públicos envolvidos com a companhia. Essa questão é fundamental tendo em vista que as práticas de governança adotadas deverão buscar atender ao objetivo estabelecido. Se o objetivo é a maximização da riqueza dos acionistas, a mitigação dos custos de agência será o principal foco da governança. Contudo, se o objetivo é o equilíbrio dos interesses de todos os stakeholders, outros aspectos devem ser levados em consideração.

A teoria dos stakeholders possui suas raízes principalmente nos campos da sociologia, comportamento organizacional e na política de interesses de grupos específicos, podendo ser definida como a “formulação e implementação, pelos administradores, de processos que satisfaçam todos os grupos que tenham interesses em jogo na empresa”. A principal tarefa nesse processo seria gerenciar e integrar os relacionamentos e os interesses de acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, comunidades e outros grupos, de modo a assegurar o sucesso da empresa a longo prazo. Trata-se, portanto, de uma abordagem que enfatiza o gerenciamento ativo do ambiente do negócio, dos relacionamentos entre os participantes e a consequente promoção dos diferentes interesses.

 

Princípios Básicos

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é a principal referência quando se trata de promover as boas práticas de governança corporativa. Fundado em 1995, o IBGC é uma organização sem fins lucrativos que atua de forma independente, com o objetivo de contribuir para o desempenho sustentável das organizações e para o fortalecimento do mercado e da economia brasileira.

O papel do IBGC vai além da disseminação de conhecimento. Ele atua na formação de conselheiros, executivos e profissionais por meio de cursos, eventos, publicações e fóruns de discussão. Também é responsável pela elaboração de guias e códigos que orientam as práticas de governança no país, sendo o mais conhecido o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, amplamente utilizado como referência por empresas de capital aberto, fechado, familiares, estatais e do terceiro setor.

Os princípios fundamentais que orientam a atuação do IBGC e que estruturam o seu código são quatro:

  1. Transparência – A divulgação clara, precisa e tempestiva de informações relevantes para todos os stakeholders, indo além das exigências legais e regulatórias.

  2. Equidade – O tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas.

  3. Prestação de Contas (Accountability) – Os administradores devem prestar contas de sua atuação e assumir as consequências de seus atos e omissões.

  4. Responsabilidade Corporativa – A atuação responsável da organização, considerando os impactos econômicos, sociais, ambientais e de governança no curto, médio e longo prazo.

Esses princípios orientam não apenas a relação entre sócios e administradores, mas também o relacionamento da empresa com a sociedade, reguladores, empregados e demais partes interessadas. O IBGC, assim, desempenha um papel essencial na construção de uma cultura empresarial mais ética, eficiente e comprometida com o desenvolvimento sustentável no Brasil.

 

Estrutura de Governança

 

A estrutura de governança normalmente inclui o conselho de administração, a diretoria executiva e diversos comitês. O conselho de administração é responsável pela supervisão geral e orientação estratégica da empresa, enquanto a diretoria executiva lida com as operações diárias. Os comitês especializados, como os de auditoria, riscos e remuneração, fornecem uma supervisão adicional em áreas críticas.

A governança corporativa visa garantir que as empresas sejam geridas de forma a criar valor sustentável para seus stakeholders, sejam eles acionistas (shareholders) ou outros grupos interessados (stakeholders) como empregados, clientes, fornecedores e a comunidade em geral. Independentemente da perspectiva adotada, seja ela focada exclusivamente no retorno para os shareholders ou em um equilíbrio mais amplo que considere também os interesses dos stakeholders, uma governança eficaz depende de mecanismos robustos de monitoramento das decisões dos gestores.

É nesse ponto que o papel dos controles internos se torna central. Controles internos são processos e procedimentos implementados pela gestão para garantir que as operações da empresa sejam eficazes, as demonstrações financeiras sejam precisas e confiáveis, e que a conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis seja mantida. Em um ambiente corporativo, a informação é o insumo essencial para a tomada de decisões informadas. Para que shareholders e stakeholders possam monitorar e avaliar o desempenho dos gestores, é fundamental que as informações fornecidas sejam completas, precisas e tempestivas.

Além disso, o controle interno contribui para mitigar riscos de fraudes, erros e omissões que possam comprometer a integridade da informação. Dessa forma, fortalece o mecanismo de monitoramento, aumentando a confiança dos investidores e demais partes interessadas na governança da empresa. Em última análise, um sistema de controle interno eficaz não apenas suporta a governança corporativa, mas também a aprimora, proporcionando uma base sólida para a tomada de decisões estratégicas que atendam tanto aos interesses dos shareholders quanto dos stakeholders.

 

Controles Internos

 

Historicamente, a definição de controle interno evoluiu significativamente à medida que as organizações começaram a reconhecer a importância de estruturas robustas para mitigar riscos e assegurar a integridade das informações financeiras. No início, os controles internos eram entendidos de maneira mais restrita, focando principalmente na prevenção e detecção de fraudes e na salvaguarda dos ativos. Com o tempo, essa visão foi ampliada para incorporar aspectos mais amplos de governança, gestão de riscos e conformidade.

 

Evolução das Definições de Controle Interno

 

Na primeira metade do século XX, o conceito de controle interno era predominantemente associado ao campo da auditoria, particularmente na prevenção de fraudes e erros contábeis. No entanto, a partir da década de 1970, com o aumento da complexidade das operações empresariais e a globalização, houve uma crescente demanda por estruturas de controle que não se limitassem apenas à função contábil, mas que também considerassem os processos operacionais e de gestão.

 

Com o advento do relatório Treadway na década de 1980, que destacou a necessidade de uma maior responsabilidade corporativa e transparência, o conceito de controle interno começou a ser visto como parte integrante da governança corporativa. Isso levou ao desenvolvimento de frameworks mais abrangentes que integrassem controle interno, gestão de riscos e governança.

 

A Definição de Controle Interno pelo COSO

 

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO) desempenhou um papel fundamental na modernização da definição de controle interno. Em 1992, o COSO lançou seu relatório seminal, Internal Control – Integrated Framework, que se tornou o modelo mais aceito e utilizado globalmente para a estruturação de controles internos. A definição estabelecida pelo COSO é amplamente reconhecida por sua abordagem abrangente e por fornecer um entendimento mais holístico do conceito de controle interno.

 

O COSO define controle interno como um processo, efetuado pelo conselho de administração, pela administração e outros empregados de uma entidade, projetado para fornecer segurança razoável quanto à realização de objetivos relacionados a operações, relatórios e conformidade. Essa definição abrange três categorias principais de objetivos:

 

Operacional: Relaciona-se à eficácia e eficiência das operações da entidade, incluindo os objetivos de desempenho e salvaguarda de ativos contra perdas.

  

Relatórios: Refere-se à confiabilidade das informações financeiras e não financeiras, tanto internas quanto externas, que são utilizadas para a tomada de decisões.

 

Conformidade: Trata do cumprimento de leis e regulamentações aplicáveis à entidade.

 

Essa estrutura integrada do COSO é construída sobre cinco componentes inter-relacionados, conhecidos como o “Cubos do COSO”: Ambiente de Controle, Avaliação de Riscos, Atividades de Controle, Informação e Comunicação, e Monitoramento. Cada um desses componentes desempenha um papel crucial para garantir que os controles internos sejam robustos e eficazes:

 

Ambiente de Controle: Refere-se ao conjunto de normas, processos e estruturas que fornecem a base para a execução dos controles internos. Inclui a cultura organizacional, a integridade e os valores éticos, e a supervisão pelo conselho de administração.

 

Avaliação de Riscos: Implica na identificação e avaliação de riscos que possam impedir a organização de alcançar seus objetivos. Essa avaliação deve ser contínua e adaptável às mudanças no ambiente de negócios.

 

Atividades de Controle: São as ações estabelecidas por políticas e procedimentos para mitigar os riscos e ajudar a garantir que as diretrizes da administração sejam executadas.

 

Informação e Comunicação: Trata da captura e intercâmbio de informações necessárias para a condução, gestão e controle das operações da empresa. Inclui tanto a comunicação interna quanto externa.

 

Monitoramento: Refere-se ao processo de avaliação da qualidade do desempenho dos controles internos ao longo do tempo, garantindo que permaneçam eficazes e relevantes.

 

Importância da Definição do COSO

 

A definição de controle interno estabelecida pelo COSO trouxe uma visão integrada que não só facilita a conformidade regulatória, mas também promove a eficiência operacional e a estratégia de gestão de riscos. Ao oferecer uma linguagem comum e uma estrutura flexível que pode ser aplicada a diferentes setores e tipos de organização, o COSO possibilita que as empresas implementem controles internos de forma adaptada às suas realidades e necessidades específicas.

 

Dessa forma, o framework COSO ajudou a redefinir o conceito de controle interno, transformando-o em um componente essencial da governança corporativa e gestão de riscos, e elevando a importância de uma abordagem proativa e sistemática na implementação e monitoramento dos controles.

Definição e Objetivos

 

Controles internos são processos e procedimentos implementados pelas organizações para garantir a integridade financeira e operacional. Esses controles são projetados para prevenir fraudes, erros, e assegurar a eficiência operacional e o cumprimento de leis e regulamentos.

 

Os objetivos principais dos controles internos incluem:

 

Confiabilidade das Informações Financeiras: Garantir que os relatórios financeiros sejam precisos e completos.

Eficiência e Eficácia Operacional: Assegurar que os recursos da empresa sejam utilizados de maneira eficaz e eficiente.

Conformidade com Leis e Regulamentos: Assegurar que a empresa esteja em conformidade com todas as leis e regulamentos aplicáveis.

Proteção dos Ativos: Salvaguardar os ativos da empresa contra perdas, roubos ou uso inadequado.

 

Componentes dos Controles Internos

 

Os controles internos podem ser divididos em cinco componentes principais, conforme o modelo COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission):

Ambiente de Controle: Define o tom da organização e influencia a consciência de controle dos funcionários. Inclui integridade, valores éticos e a competência dos funcionários.

Avaliação de Riscos: Identificação e análise de riscos relevantes para o alcance dos objetivos da empresa.

Atividades de Controle: Políticas e procedimentos que ajudam a garantir que as diretrizes da administração sejam executadas. Incluem autorizações, verificações e conciliações.

Informação e Comunicação: Sistemas que garantem a obtenção e disseminação de informações relevantes.

Monitoramento: Processo de avaliação contínua ou periódica dos controles internos.

Implementação e Desafios

 

A implementação eficaz dos controles internos requer um compromisso da alta administração e uma cultura organizacional que valorize a conformidade e a ética. Um dos principais desafios é equilibrar a necessidade de controles rigorosos com a necessidade de flexibilidade e eficiência operacional. Além disso, o avanço tecnológico traz novos riscos, exigindo que os sistemas de controle interno evoluam continuamente para abordar novas ameaças, como cibersegurança e proteção de dados.

Compliance

Conceito e Relevância

 

Compliance, ou conformidade, refere-se ao cumprimento de leis, regulamentos, normas e diretrizes internas e externas. A função de compliance é responsável por assegurar que a organização atue de acordo com os requisitos legais e regulamentares aplicáveis, bem como com suas próprias políticas internas.

 

A relevância da compliance tem crescido significativamente nas últimas décadas, especialmente devido ao aumento da regulamentação em setores como financeiro, saúde e tecnologia. Uma forte cultura de compliance não só evita penalidades legais e financeiras, mas também protege a reputação da empresa e aumenta a confiança dos stakeholders.

Elementos de um Programa de Compliance

 

Um programa de compliance eficaz geralmente inclui os seguintes elementos:

 

Código de Conduta e Políticas: Documentos que definem os padrões de comportamento esperados e as políticas da empresa.

Treinamento e Educação: Programas contínuos de treinamento para assegurar que todos os funcionários estejam cientes das políticas de compliance e das regulamentações relevantes.

Comunicação e Cultura: Promoção de uma cultura de conformidade através de comunicação aberta e apoio da liderança.

Monitoramento e Auditoria: Processos para monitorar e auditar as atividades da empresa para garantir a conformidade contínua.

Investigações e Medidas Corretivas: Procedimentos para investigar violações de compliance e implementar medidas corretivas.

 

Desafios de Compliance

Os desafios de compliance incluem a complexidade regulatória, que pode variar significativamente de uma jurisdição para outra, e a necessidade de manter-se atualizado com as mudanças nas leis e regulamentos. Além disso, a globalização e a digitalização trazem novos desafios, como a proteção de dados e a conformidade com regulamentações internacionais.

 

A Interação entre Governança, Controles Internos e Compliance

 

A governança corporativa, os controles internos e a compliance são interdependentes e se reforçam mutuamente. Uma estrutura de governança eficaz define o tom no topo e estabelece a base para uma cultura de integridade e responsabilidade. Os controles internos implementam os princípios de governança ao assegurar a precisão dos relatórios financeiros, a eficiência operacional e a conformidade com leis e regulamentos. A compliance, por sua vez, garante que a organização esteja sempre operando dentro dos limites legais e regulamentares, reforçando a confiança dos stakeholders.

 

Essa interação é crítica para a criação de um ambiente corporativo saudável e sustentável. As falhas em qualquer um desses elementos podem levar a consequências graves, como fraudes, multas, perda de reputação e até a falência da empresa.

Tópicos recentes

Empresas como a Natura são frequentemente citadas como exemplos de boas práticas de governança e compliance. A empresa é conhecida por seu forte compromisso com a ética e a transparência, o que é refletido em sua cultura corporativa e nos robustos sistemas de controles internos que possui. Ela está em primeiro lugar no ranking de responsabilidade da governança corporativa do Monitor Empresarial de Reputação Corporativa (Merco).

Em contraste, o caso da Americanas é um exemplo notório de falha em governança corporativa, controles internos e compliance. Em 2023, veio a público que a empresa fraudou suas demonstrações financeiras, escondendo dívidas e inflando lucros, o que prejudicou diversos stakeholders em um dos maiores escândalos corporativos do Brasil. O caso da Americanas destacou a importância crítica de uma governança forte e eficaz, de controles internos robustos e de uma cultura de compliance.

A literatura acadêmica sobre os problemas de governança, controle interno e compliance é extensa. Somente o tema da governança corporativa, tem uma série de desdobramentos na literatura científica envolvendo os problemas de agência, incentivos e vieses dos gestores, efetividade dos mecanismos de governança, entre outros. Vale destacar, contudo, alguns desenvolvimentos recentes desta literatura. Em função da pauta sobre informações acerca de Environment, Social and Governance (ESG), o tripé da sustentabilidade, os aspectos de governança corporativa têm sido frequentemente discutidos nesse contexto. Nesse contexto, o papel da organização e, consequentemente, da governança está fortemente ligado à perspectiva dos stakeholders, onde a entidade possui responsabilidade sobre o seu impacto social e ambiental.

Tsang et al. (2023) fazem uma revisão da literatura sobre a divulgação de relatórios ESG e mostram que esses relatórios trazem benefícios para diversos stakeholders, como acionistas, gestores, funcionários e a sociedade, tanto em divulgações voluntárias quanto obrigatórias. Além disso, no Brasil, Ribeiro e Souza (2023) evidenciam que empresas brasileiras com melhores práticas de governança corporativa apresentaram desempenho de mercado superior entre 2010 e 2020. A relação entre qualidade da governança e valor de mercado sugere que o mercado confia mais em empresas que adotam essas práticas.

 

Conclusão

 

A governança corporativa, os controles internos e a compliance são componentes fundamentais para o sucesso de qualquer organização. Juntos, eles formam um sistema de pesos e contrapesos que assegura que a empresa opere de maneira ética, transparente e responsável. Em um ambiente empresarial cada vez mais complexo e regulado, a importância de uma implementação eficaz desses elementos não pode ser subestimada. Organizações que investem em governança, controles internos e compliance não apenas protegem seus interesses, mas também criam valor a longo prazo para todos os seus stakeholders.

Referências Bibliográficas

 

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COSO. (2013). Internal Control – Integrated Framework. Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC). Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.

Merco. Ranking Governança Corporativa 2023.

Niero, N., Moreira T., Mattos, A. Caso Americanas coloca à prova limites da governança corporativa. Valor Econômico. 2024.

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Ribeiro, J. E., & Souza, A. A. D. (2023). Índice de governança corporativa e desempenho de mercado: evidências no mercado acionário brasileiro. Revista Contabilidade & Finanças, 34, e1756.

SILVEIRA, A. M. Governança Corporativa no Brasil e no Mundo: teoria e prática. Elsevier Brasil, 2015.

Tsang, A., Frost, T., & Cao, H. (2023). Environmental, social, and governance (ESG) disclosure: A literature review. The British Accounting Review, 55(1), 101149.

Vaassen, E. Meuwissen, R. Schelleman, C. Controle Interno e Sistemas de Informação Contábil. Tradução de Oliveira, A. B S. e Bartalotti C. Saraiva. 2013.